terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Uma questão de Percepção

No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês.
O primeiro pergunta ao outro: - Você acredita na vida após o nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui.
Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída – o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela…

Autor Desconhecido

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Marcas que a vida nos deixa






Esta semana assisti a um filme que me fez pensar na minha infância e na da maioria das pessoas. O filme chamava-se Foca Dourada e se referia à história de uma família que vivia em uma ilha longe de tudo que fizesse menção à palavra civilização, isolaram-se do mundo por dificuldade de convivência. 


 De tempos em tempos, iam até a cidade na busca de alimentos que trocavam por salmão que haviam pescado. A cada ida à cidade tinham a confirmação que deviam viver isolados. A forma de viver das pessoas não condizia com seus princípios de vida, pois estas falavam determinadas coisas e agiam de maneira diferente.

 Este casal tinha um filho e ali eram passados comportamentos rígidos do tipo: aqui só se mata o que se come; não há possibilidade de fazer mal a nenhum ser indefeso; o ser humano é no universo a criatura mais importante e merece atenção e respeito e acima de tudo muito amor. E assim viviam com suas lições diárias, onde o filho aprendia e tinha o pai como um herói, mas...

Tem sempre um mas... ali havia também um segredo por trás de toda aquela pregação e eis, então, a primeira marca que iria ser deixada na vida do filho.

 O real motivo de morarem em tal ilha era a busca por uma foca dourada porque a pele valia muito. Matar esta foca e vender sua pele poderia representar uma vida segura para sempre.

 Em um dia de tempestade, o filho se perde, pois uma ponte, a qual fazia uma ligação com uma parte de rochedos, rompe-se e o filho tentando outros caminhos não consegue voltar para casa. O casal se desespera durante toda a noite e, no dia seguinte, sai à procura do filho. O menino havia naquela noite terrível se abrigado em uma caverna e encontrado a tal foca dourada que a seu lado tivera um filhote.

 No dia seguinte, o filho tenta ir em busca da família e já no encontro com os pais descreve entusiasmado o que ocorrera naquela noite. O pai olha para mãe que também sabia do segredo da busca pela foca dourada e pede ao filho que lhe mostre onde está a tal foca de pele dourada raríssima. Chegando ao local, o pai logo pega a arma para matar o animal; o filho desesperado impede o pai de matar o bicho e, em segundos, questiona tudo que o pai havia lhe ensinado. Você está indo contra tudo que me ensinou... que referência de vida posso ter? Você me disse que nunca poderíamos matar o que não fôssemos comer e você vai matá-la para fazer dinheiro.

O pai espantado olha para o filho e lhe pergunta como ele sabia que a foca poderia render dinheiro. Ele responde, então, que ouvira comentarem na cidade e que conhecia toda a história da foca dourada, mas que tinha certeza que, por tudo que havia aprendido, o pai agiria de maneira diferente. 

No final, o pai acaba junto com o filho protegendo o animal do ataque de outros caçadores, mas quase que aqui se instalou uma marca na vida do filho, caso o pai tivesse matado o animal.

 A grande maioria dos problemas de relacionamentos é provocada pelos sentimentos e pelos pensamentos ocultos em nosso subconsciente. Esses pensamentos e sentimentos não resolvidos provocam conflitos em sua vida e estes não permitem que você tenha um relacionamento saudável com outra pessoa. Todas as situações de rejeição, abandono, de dissonância entre verbo e ação, de objetivos não claramente definidos, precisam ser trazidos à luz da consciência. Em outras palavras, é necessário que você cure e elimine as marcas que a vida lhe deixou. Somente assim poderá tornar-se um ser pleno.

 Essas marcas que a vida lhe deixou, ou bloqueios, como energeticamente chamamos, quando encarados, perdem a força. Mas, enquanto a pessoa está inconsciente da sua existência, eles detêm o controle e forçam a agir sob a sua influência, mesmo que ela não saiba o que está fazendo e por que. Neste exato momento de não reconhecimento, a negatividade se instala em sua vida, pois passa a crer que o problema é você!

 Se neste momento, você se sente só ou em um relacionamento em conflito, tenha absoluta certeza que existe alguma marca em sua vida precisando ser eliminada para que você energeticamente passe a atrair pessoas e situações que possam lhe trazer alegria e felicidade.
 Este filme me fez pensar no que recebemos em nossa infância, porque, na grande maioria dos casos, as crianças muito raramente recebem suficiente amor maduro e bondade. Elas continuam a ansiar por ele durante toda a vida, choram de maneira inconsciente pelo que não tiveram na infância.

Muitas das situações repetitivas que vivemos no campo afetivo se traduzem na tentativa de reproduzir situações da infância e tentar corrigi-las.

 Quando dois seres inteiros e maduros se encontram promovem uma fusão Divina, onde a satisfação, o êxtase e a felicidade se concretizam, criando novos valores e acima de tudo um crescimento espiritual pleno, onde não há espaço para o sofrimento.

Maria Isabel Carapinha 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Lenda Indiana Sobre a Criação da Mulher






"Diz a lenda que o Senhor, após criar o homem e não tendo nada sólido para construir a Mulher, tomou um punhado de ingredientes delicados e contraditórios, tais como timidez e ousadia, ciúme e ternura, paixão e ódio, paciência e ansiedade, alegria e tristeza e assim fez a Mulher e a entregou ao homem como sua companheira.

Após uma semana, o homem voltou e disse:

- Senhor, a criatura que você me deu faz a minha vida infeliz. Ela fala sem cessar e me atormenta de tal maneira que nem tenho tempo para descansar. Ela insiste em que lhe dê atenção o dia inteiro... e assim as minhas horas são desperdiçadas. Ela chora por qualquer motivo e fica facilmente emburrada e, às vezes, fica muito tempo ociosa. 
Vim devolvê-la porque não posso viver com ela.

Depois de uma semana o homem voltou ao Criador e disse:

- Senhor, minha vida é tão vazia desde que eu trouxe aquela criatura de volta! Eu sempre penso nela, em como ela dançava cantava, como era graciosa, como me olhava, como conversava comigo e como se achegava a mim. Ela era agradável de se ver e de acariciar. Eu gostava de ouvi-la rir. Por favor, me dê ela de volta.

- Está bem, disse o Criador. E a devolveu.

Mas, três dias depois, o homem voltou e disse:

- Senhor, eu não sei. Eu não consigo explicar, mas, depois de toda esta minha experiência com esta criatura, cheguei à conclusão que ela me causa mais problemas do que prazer. Peço-lhe, tomá-la de novo! Não consigo viver com ela!

O Criador respondeu:

- Mas também não sabe viver sem ela. E virou as costas para o homem e continuou seu trabalho. O homem desesperado disse:

Como é que eu vou fazer? Não consigo viver com ela e não consigo viver sem ela.
E arremata o Criador:

- Achei que, com as tentativas, você já tivesse descoberto. Amor é um sentimento a ser aprendido. É tensão e satisfação. É desejo e hostilidade. É alegria e dor. Um não existe sem o  outro. A felicidade é apenas uma parte integrante do amor. Isto é o que deve ser aprendido. O sofrimento também pertence ao amor. Este é o grande mistério do amor. a sua própria beleza e o seu próprio fardo. Em todo o esforço que se realiza para o aprendizado do amor é preciso considerar sempre a doação e o sacrifício ao lado da satisfação e da alegria. A pessoa terá sempre que abdicar de alguma coisa para possuir ou ganhar uma outra coisa. Terá que desembolsar algo para obter um bem maior e melhor para sua felicidade. É como plantar uma árvore frente a uma janela...Ganha sombra, mas perde uma parte da paisagem. Troca o silêncio pelo gorjeio da passarada ao amanhecer. É preciso considerar tudo isto quando nos dispomos a enfrentar o aprendizado do AMOR."


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Ser útil ou não ser?


A expectativa da primeira oportunidade de ser útil é angustiante.
Como e quando?
O que terei ou poderei fazer?
A idade passa e a sensação de impotência cresce,
a necessidade de ser útil e esforçar-se por algo é inevitável.
O primeiro passo é árduo.
A zona de conforto é simples e segura,
ficamos ali,
naquele cantinho,
encolhidos, achando que nada pode nos atingir.

Porém para o crescimento é preciso ultrapassar esta barreira,
é preciso deixar de lado toda uma rotina
e a boa e velha sensação de “segurança”.

Este momento é carregado de ansiedade,
é a espera de algo que ainda não se conhece.
Como se comportar no primeiro contato?
O que falar?
O que se conhece da “situação”?
O que esperam de mim?

Infinitas questões para as quais respostas nem sempre são possíveis...

Chega o momento,
a procura valeu,
agora o que falta é enfrentar o desconhecido,
o incompleto.


Incompleto...?
Dá para completar?


Talvez se estivesse completo
não seria útil...
não seria desejado.


Mariana Bonato
consultora da Central do Trabalho Recursos Humanos

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Um texto que fala da Essência



"Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos."

Segundo Heráclito, o fluxo permanente define a harmonia universal. Tudo se move, nada se fixa na imutabilidade. Ele costumava repetir uma frase que se tornou célebre – ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários. Para este filósofo, a dialética pode ser exterior – um raciocínio de dentro para fora – e imanente do objeto – quando se foca na observação atenta do ser. Heráclito entende este processo dialético como um princípio. 

Deste conflito entre os opostos é que nasce a concórdia, a harmonia. Isto permite que o Ser seja uno ao mesmo tempo em que se encontra mergulhado nas constantes mutações do contexto que o envolve. Ele ainda afirma que os contrários ocupam perfeitamente o mesmo espaço, simultaneamente, como o início e o final de uma esfera. Partindo destes postulados, Heráclito estabeleceu uma ‘arché’, ou seja, uma origem de tudo que há – o fogo, para ele o elemento primordial entre os outros que constituem o universo: água, terra, ar. Sob seu ponto de vista, esta substância transmuta-se em tudo que existe, assim como tudo nela se transforma – percebe-se, assim, um fluxo constante de mutação. 

É assim que percebemos elementos de notável semelhança na essência dos seres humanos, expressões e modos característicos próprios da espécie. Podemos encontrar formas psíquicas no indivíduo que ocorrem não somente em seus ascendentes mais próximos, mas em outras épocas distantes de nós milhares de anos e às quais estamos ligados apenas pela arqueologia. Jung coloca estas Semelhanças Essenciais do ser humano como certas formas típicas de comportamento característico, os quais, ao se tornarem conscientes, assumem o aspecto de representações do mundo, maneiras humanas de representar a realidade.

Lia Lufty