O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e a especialização é
um dos fatores determinantes para que o profissional se mantenha “empregável”,
ou seja, atrativo para um mercado altamente competitivo e que busca por qualificação
diferenciada.
Mesmo assim, buscar novas oportunidades de trabalho não é tarefa
fácil, pois representa um grande desafio, exigindo que o profissional siga
alguns passos importantes. O primeiro deles é elaborar um bom currículo,
objetivo, sucinto, que obedeça a ordem cronológica das empresas para as quais trabalhou
e os cargos ocupados. Também é importante mencionar as funções desempenhadas,
os cursos de aperfeiçoamento realizados, principalmente os de idiomas. Deve
citar sua vivência internacional, incluindo as viagens para intercâmbio cultural.
Todas as informações importantes e relevantes que compõem seu perfil
profissional devem fazer parte do currículo que deve ter objetivos bem
definidos.
Não há nada mais difícil para o selecionador que analisar um currículo
sem foco, ou seja, aquele onde o profissional não define claramente a área onde
deseja atuar. É comum encontrar currículos onde os objetivos profissionais
apontam para diversas áreas ao mesmo tempo, como vendas, compras,
administrativo, financeiro ou ainda alguma área técnica. Nestes casos é recomendado
que o profissional elabore mais de um currículo, cada um direcionado à área específica,
na qual ele possua vivência profissional. Desta forma será mais fácil analisar
as informações e compará-las ao perfil exigido para cada cargo.
Cabe também ao profissional lançar mão de seu networking e divulgar suas
atribuições profissionais utilizando as ferramentas disponíveis no mercado,
principalmente as virtuais, como as redes sociais e o banco de currículos das
empresas, disponibilizados através dos próprios sites, além das consultorias
especializadas em recrutamento e seleção.
É importante se preparar para as entrevistas e levar em consideração
que elas não apenas complementam o currículo como são definitivas na avaliação
do perfil pessoal e profissional.
Aqui vão algumas dicas:
Falar demais ou de menos é uma questão de medida, mas lembre-se que o
entrevistador é quem conduz a entrevista. Responder bem às suas perguntas,
esclarecer o que ele deseja e não mostrar ansiedade são pontos fundamentais.
Também deixar de falar o que deve ser dito é algo inadequado. Há pessoas que
para evitar erros ou pela própria timidez, perdem a oportunidade de mencionar
fatos relevantes que mostram qualificação, adequação ou qualquer vantagem
competitiva do profissional, além de seu real interesse em trabalhar na
empresa. Esquecer informações relevantes é o mesmo que falar de menos.
Antes de cada entrevista, pergunte-se sobre o que este empregador quer
saber sobre você. Se necessário, anote as informações em um papel e leia repetidamente
antes da entrevista, pode ser diante do espelho ou cronometrando o tempo que
você leva para expor suas ideais. Este exercício fará bem a você, pois
direcionará a fala para o que efetivamente interessa.
Nunca desvalorize a empresa anterior, seu ex-chefe ou um
ex-funcionário, isto pode sinalizar indiscrição, falta de reconhecimento e má
postura profissional. Reclamar do trabalho anterior pressupõe mágoa ou
frustração, um péssimo elemento para a imagem do entrevistado. Pessoas capazes
não se lamentam, mas resolvem seus problemas.
Valorizar demais a empresa anterior, seu ex-chefe ou os ex-colegas, igualmente
é uma questão de medida. O profissional pode transmitir ao entrevistador uma ideia
de que não será capaz de se desvencilhar facilmente da experiência anterior, podendo
criar dificuldades diante das novas situações.
É preciso tomar cuidado ao relatar aspectos pessoais que possam
comprometer sua contratação. O candidato deve ser honesto, mas não ingênuo. Não
tente falar de aspectos pessoais que possam transmitir uma má imagem de si
próprio. Exemplo, “não consigo conviver com gente arrogante”. O entrevistador
concluirá que o candidato tem um problema de comportamento a ser superado. É
sabido que todos nós temos defeitos, mas não precisamos propagá-los.
Uma atitude altamente recomendável é a de nunca invadir o espaço do
entrevistador, como por exemplo, pegar objetos da mesa, se apoiar nela ou fazer
perguntas pessoais ao entrevistador, pois ele está, temporariamente, em uma
posição de superioridade e deve ser respeitado.
Estas atitudes caracterizam displicência e não serão bem interpretadas.
Apresentar emoções negativas na entrevista depõe contra o candidato. Um
exemplo é mostrar preocupação, irritação, ansiedade ou descontentamento.
Portanto, prepare-se para a entrevista, mantenha a calma.
Falar sobre assuntos para o quais você está despreparado é muito
delicado, pois é esperado pelo entrevistador que o candidato domine os assuntos
que ele mesmo aborde. Quando o candidato acha que está apto para falar de
qualquer assunto, e opina sobre áreas que não conhece, os resultados são
desastrosos. Calar-se diante de um assunto desconhecido (ou até perguntar
melhor sobre o que se trata) é a forma mais correta de não tirar sua
credibilidade.
Mostrar exagerada preocupação com salário e benefícios não é bem
visto, pois sabemos que ninguém trabalha por esporte, mas é difícil aceitar as pessoas
que demonstram forte tendência a valorizar o lado financeiro da oportunidade de
trabalho. Pessoas que demonstram
excessiva preocupação com ganhos na entrevista perdem pontos.
Celular ligado, desinformação a respeito da empresa, que demanda pelo menos
uma visita antecipada ao site, são comportamentos fatais na entrevista. Também a apresentação adequada com uso de
roupa discreta e elegante, demonstra cuidado e profissionalismo. Em especial
para as mulheres, não é recomendado usar roupas provocantes, maquiagem
carregada, acessórios estranhos, pois nada disso causará boa impressão. É
preciso cuidado para não confundir elegância com extravagância. Lembre-se de
que você estará em um contexto organizacional.
A comunicação corporal pode demonstrar fatores como segurança ou
insegurança e afetar positiva ou negativamente a entrevista, portanto lembre-se
de que o “o corpo fala”. Em nossa cultura, não olhar diretamente para nosso
interlocutor, demonstra que escondemos “algo”, portanto, olhe o entrevistador nos olhos, mesmo que ele
não faça o mesmo. Igualmente deve-se tomar cuidado com outros aspectos de
comunicação não verbal como gestos repetitivos ou nervosos, olhar preocupado,
semblante tenso, etc.
Nunca chegue atrasado, pois para este erro primário e muito comum, não
há nenhuma desculpa que o justifique.
Por outro lado, para as empresas, selecionar os melhores candidatos
para concorrer a uma vaga não é tarefa fácil, pois além das competências
técnicas o candidato avaliado deverá reunir as competências comportamentais
exigidas para a função, ou seja, as habilidades e capacidades deste
profissional que definem e complementam seu perfil profissional.
Dentre estas competências a serem avaliadas estão o relacionamento
interpessoal, o trabalho em equipe, a comunicação, a análise crítica para
tomada de decisão, a organização, o controle, a iniciativa, a proatividade, a criatividade,
a flexibilidade, a agilidade e a resiliência, entre outras. Estas competências
serão medidas através de ferramentas aplicadas por profissionais especializados
através de entrevistas situacionais e por competências e aplicação de testes de
avaliação psicológica.
Afinal, o processo de contratação de profissionais teve que se adequar
ao novo perfil do mercado. A história nos mostra que na década de 50 as
empresas eram conservadoras, burocráticas, tinham normas rígidas e os
profissionais contratados mantinham-se por longos períodos na mesma função, sem
perspectivas de crescimento não havendo nenhuma complexidade ou exigência na
contratação.
De 1950 a 1990 as empresas passaram a criar uma estrutura de
departamentos, quando então os cargos e as funções começaram a sofrer mudanças.
Nesse período passou a ser valorizada a formação técnica para ocupar os cargos,
em detrimento de outras competências tão igualmente importantes.
Após 1990 as empresas se tornaram ágeis e dinâmicas, porque a própria inovação
trouxe os processos de mudanças contínuas do mercado globalizado. Os
profissionais do mercado passaram a ser valorizados não apenas pela formação ou
conhecimentos técnicos como também por sua inteligência emocional, ou seja, a
capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a
capacidade de lidar com eles.
As empresas atuais estão inseridas em um contexto inovador, de rápidas
mudanças e devem se ater para o fato de que o mundo “sem fronteiras” desenhou
um mercado onde as organizações precisam se manter altamente competitivas. Para
isso precisam contar com profissionais cada vez mais qualificados, dinâmicos,
comprometidos e participantes, pois o capital humano das empresas representa
seu próprio diferencial.
Portanto, a convergência de interesses entre os profissionais que
buscam novas colocações e um mercado que necessita de profissionais cada vez
mais preparados e qualificados, constitui-se na realidade atual de um mundo que
busca soluções inovadoras, imediatas e criativas.
Ana Maria Ramos
Central do Trabalho Recursos Humanos