terça-feira, 6 de março de 2012

Autenticidade


Quando nos referimos a objetos, é mais fácil saber qual o critério para decidir se são autênticos ou não. Muitas vezes, porém, isso também pode ser difícil e podemos nos enganar, pois há falsificadores habilidosíssimos. Mas ninguém tem dúvida de que o caminho é o de comparar a cópia com o original.

Quando se trata de pessoas, a coisa fica bem mais complicada. O que é uma pessoa? É impossível uma pessoa ser totalmente original? O que é a individualidade de cada um? Ser original e ser autêntico são a mesma coisa? O oposto de ser original ou autêntico é ser falso?

Sabemos que cada ser humano é um ser único, e por mais que se conheça alguém ou até mesmo a nós mesmos, é impossível prever todas as suas ações e reações. No entanto, numa sociedade tecnológica e massificada, que prima pelo consumo desenfreado, onde a imagem vale mais que a pessoa – sociedade que não valoriza a reflexão pessoal e a criatividade, imprimindo a pressa de ter mais do que a consciência de ser – está cada vez mais fácil encontrar pessoas iguais.

Ao invés de sermos levados a buscar nossas próprias respostas para dar significado à vida, somos condicionados a aceitar determinadas respostas já prontas, que nos fazem parecer termos sido fabricados em série.

Por outro lado, sabemos que o homem é um ser de relações, que se forma necessariamente dentro de uma determinada cultura, onde recebe influências e causa influências. Qual é, então, o limite de sermos nós mesmos? Como saber se estamos “pensando com as nossas próprias cabeças” e agindo segundo nossa própria determinação? Há a possibilidade de tamanha originalidade? O que queremos dizer quando afirmamos: “Gosto de Fulano, pois é muito autêntico”? Ou quando dizemos:

“Sicrano é tão original!!” O que é que eles têm?

Parece que tanto o conceito de originalidade quanto o de autenticidade, quando referentes a pessoas, podem se confundir e esbarrar no de criatividade. Alguém é original ou autêntico quando é o que é, ou quando tem a coragem de ser como quer ser. Ou seja, a pessoa original (e não apenas a que tem um jeito original de fazer alguma coisa) é que cria livremente a si mesma, sendo, portanto, autêntica, verdadeiramente ela mesma. Mas, como é que se faz isso? Como evitarmos ser um “alguém”, para sermos verdadeiramente nós mesmos? 

Fonte: Texto extraído da Revista Vencer

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