Envolver os
funcionários no desenvolvimento de projetos nem sempre é produtivo. Veja cinco
situações em que é melhor centralizar a execução
Especialistas em gestão insistem
em dizer o quão importante é envolver os funcionários no desenvolvimento de
projetos, dando autonomia e respeitando seus métodos de trabalho. "A
prática da delegação libera o líder para funções mais nobres, como questões
estratégicas e tomadas de decisão", diz o consultor Miguel Vizioli, autor
do livro Liderança — A Força do Temperamento (Editora Saraiva).
As cartilhas dos cursos de
administração afirmam que, quanto mais delegar, mais líder o profissional se
torna. Passar adiante uma tarefa importante é sinal de confiança e uma forma de
desenvolver o subordinado. Porém, é preciso ter alguns cuidados antes de
transferir uma atividade. "Confiança na competência do funcionário é a
base da delegação", diz José Valério Macucci, professor de liderança e
gestão de pessoas do Insper, de São Paulo.
"E confiança é como um
músculo, que precisa e deve ser desenvolvido", completa Marco Túlio
Zanini, coordenador do mestrado executivo em gestão empresarial da Fundação
Getulio Vargas do Rio de Janeiro (FGV/RJ). Para facilitar seu julgamento,
listamos cinco ocasiões em que é preferível centralizar a execução da tarefa.
Veja a seguir.
1 Projetos importantes e emergenciais
Este é ponto pacífico entre os
especialistas em gestão. "Não há por que delegar nesse momento", diz
Gilberto Guimarães, diretor de MBA da Business School São Paulo (BSP). "Há
exigência emergencial? Deve-se tomar a decisão e resolver a questão com
agilidade", completa o consultor Miguel Vizioli.
Ambos afirmam que o tempo que
seria perdido repassando as atividades, dissecando o projeto, seus objetivos e
gargalos é equivalente às horas dispensadas na solução do problema.
"Projetos importantes e não emergenciais devem ser delegados. Os
emergenciais e pouco importantes também. Os que não são importantes nem
emergenciais devem ser eliminados", diz Gilberto.
2 Se não tem certeza do que quer, pense um
pouco mais
Ao delegar, o resultado só será o
esperado se o funcionário estiver muito bem instruído sobre o que deve fazer.
Antes de delegar, diz Valério, do Insper, o gestor precisa responder para si as
seguintes questões:
1 - Qual atividade precisa ser
executada?
2 - Em que condições terá de ser
feita?
3 - Aonde vamos chegar? "Se
algum desses elementos não estiver presente, não delegue", recomenda
Valério. Em equipes bem entrosadas, no entanto, os subordinados podem auxiliar
na resolução dessas questões, diz o consultor Miguel Vizioli.
"Há casos em que os
funcionários trabalham como peças complementares no desenvolvimento desses
raciocínios." Nesses casos, a execução vai bem.
3 A ausência de confiança
Quando há desconfiança sobre a
capacidade de execução do funcionário, o melhor é não delegar. Os especialistas
recomendam a aproximação desse funcionário e o repasse de atividades que possam
ser feitas com um prazo mais longo.
Dessa forma, é possível verificar
os resultados durante o desenvolvimento da atividade e, se necessário, pedir
que alguns pontos sejam refeitos. "Sempre explicando bem qual o objetivo
daquele trabalho", diz Valério, do Insper. Tal fórmula pode ser aplicada
para novos funcionários ou para os mais antigos e que passam por um período de
desmotivação.
"Deve-se ter em mente que
delegar é o melhor método de desenvolver uma equipe", diz Marco Túlio, da
FGV/RJ. E, se há funcionário que não corresponda à necessidade, "é preciso
repensar as contratações", emenda Gilberto, da BSP.
4 Cuidado para não se tornar uma ilha
Delegar funções não é sinônimo de
abandonar o projeto, mas essa confusão acontece. "O exercício da delegação
dá muito trabalho", diz o consultor Miguel. No momento do repasse das
atividades, é importante que sejam predeterminadas reuniões para o debate dos
temas.
"E, também, o gestor deve
estar disponível para responder as dúvidas que tendem a surgir no meio do
processo", recomenda Valério, do Insper. Essa é a melhor maneira de
delegar sem se distanciar da equipe, afirmam os especialistas. "Dessa forma,
você dá segurança ao funcionário e estimula um ciclo de aprendizagem", diz
Marco Túlio, da FGV/RJ.
5 Se não conhece a equipe, não saia
distribuindo atividades
Você é um líder recém-contratado
ou a equipe está cheia de novos integrantes? Se não há tempo para reuniões para
o aprofundamento dos temas que precisam ser desenvolvidos e você não conhece as
aptidões da equipe, é melhor começar o repasse dos trabalhos aos poucos.
"Delegar tem a ver com a
percepção de competência do funcionário para exercer tal função", comenta
Marco Túlio, da FGV/RJ. "E, se o líder percebe que o liderado não está
preparado, o risco de repassar uma função é grande", diz o consultor
Miguel Vizioli. Trazer o funcionário para perto, mostrar como o serviço deve
ser feito e, mais uma vez, detalhar as bandeiras e os objetivos da empresa são
as recomendações para esse tipo de situação.
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