quinta-feira, 24 de novembro de 2011

As mudanças e o “espírito suicida”






Leitores, venho lhes falar de uma preocupação que é muito particular, ainda que o motivo que a atinou não o seja, estou me referindo ao que denomino “espírito de suicida”.


Primeiro, permita-me escrever na primeira pessoa. Sei que nunca é muito interessante falar do ponto de vista da minha experiência, posto ser muito pobre, mas, entenda, ao me utilizar aqui desse recurso linguístico o que se quer é uma conversa direta com você que me lê, para que possamos, juntos, pensar algumas questões tão salutares.

Não me delongarei dizendo que hoje estamos numa sociedade midiática, uma vez que esta realidade é tão empírica e de fácil acesso, como também os infinitos resultados dela, sendo o maior, certamente, a troca de informações em um tempo até a pouco muito desconhecido.

Evidente, nunca estamos completamente atualizados, e a sede de está-lo foi que erigiu ferramentas tão instantâneas, como o twitter.

Sei, o leitor deve neste exato momento se perguntar: “Ok, mas o que isso tem que ver com o tal “espírito suicida?”

Vamos por partes!

Já agora, entendido o plano de fundo mundial e de troca de informações, isso gera a necessidade de profissionais rapidamente atualizados, o que implica pontualmente em uma questão bastante interessante: estaria a Universidade formando profissionais minimamente preparados? Deixo a resposta para você, que me lê.

Podemos levantar uma segunda questão: A Universidade fornece um preparo emocional ao seu alunado?

Eu, ao que me cabe, comunico-lhe uma realidade não tão estética, o fato de em nenhuma instituição, por melhor que ela o seja, você aprenderá ter um dos lados do prisma que compõem o CHA dos Recursos Humanos , ou seja, a capacidade instrumental você adquire, como também a habilidade por meio da experiência, contudo, a ATITUDE ninguém pode lhe ensinar.

Atitude : ação que une capacidade e habilidade, rumo ao diferencial.

Aliás, como anda a sua atitude? O seu emprego não está lhe satisfazendo? Por que você não muda de emprego?

E o seu Ibope, como anda? Você já fez um levantamento do que estão falando acerca de sua forma de atuação na empresa? Está positiva?

Analisemos um caso.

Certa vez engendrei a gestão de conflitos de uma empresa. O que se encontrava por lá era um caos sentimental, com o que eu chamo de “sentimentos ruins prediletos”, quais sejam (e verifique se você não os tem): “ estou cansada/o, não aguento mais, o stress está alto, que ódio, não tenho tempo para nada, preciso de um minutinho”. Qual o primeiro procedimento a se fazer? Evidente, entender, “in loco”, quais foram os motivos que os levaram a esta desestrutura emocional. Entenda, leitor, não me parece ao adentrar uma empresa que alguém o faça seguindo o sentimento “vou até lá porque quero ser infeliz”.

Entretanto, se este não é o sentimento que move as pessoas a obstinarem-se em fazer parte daquela organização, por que passado um período é o sentimento que se prevalece?

Sou bem simples ao analisar casos como o relatado. Inicio minha atividade conversando com os colaboradores e perguntando: “Quanto você vale?”

Claro, evidencia-se um momento de bastante intensidade, alguns colaboradores até, pelo nível de condicionamento emocional nulo, começam a chorar, e afirmam categoricamente que valem muito mais do que estão oferecendo.

Incrível como após uma conversa sincera, onde juntos, colaborador e gestor, mapeamos e traçamos metas reais, a empresa fica mais amena, e aprende que “nada muda, se eu não mudar”.

Vamos lá! Nem sempre é assim. Ainda sobre esta empresa, uma das colaboradoras, muito insatisfeita, trabalhava fazia anos na organização, e foi peremptória: “Eu não valho nada”.

Um momento bastante difícil para qualquer gestor são casos como este, mas temos que ser bastante ligeiros em identificar o que realmente ela quer me dizer.

O que ela queria me dizer? Que estava desestimulada; cansada do dono da empresa; recebendo mal; sua equipe não produzia corretamente; ninguém a reconhecia.

Enquanto levantava toda esta nuvem de sentimentos ruins, eu a interrompi e categorizei: Vamos assinar a sua rescisão! Assustada disse: -Como!?

Está há anos num local que não a reconhece mais, portanto, é hora de sair, procurar outros horizontes, onde computem uma valoração adequada acerca do seu trabalho.

O corpo da moça se retraiu, as lágrimas paralisaram em seus olhos, ela mordeu os lábios e fechou as mãos, para poder dizer: “Eu não saio”.

Naquele momento eu entendi, ela tinha o “espírito suicida”, ou seja, espírito que povoa a cabeça daqueles que se penduram em janelas de edifícios ou se arriscam de maneira a colocar a vida em perigo, e ficam perenemente afirmando: “Vou me suicidar!” O que efetivamente nunca o fazem. 

Salvo as medidas e contramedidas da comparação, o “espírito suicida” povoa, como uma fantasma, as empresas de todo o mundo, com pessoas afirmando que não conseguem mudar, e julgam ser esta, apenas uma tarefa da empresa.

Tenho que dizer, a moça foi demitida dias depois. Ela era o foco do conflito da empresa.

Leitor, quanto você vale?

Caso valha 10, por que no final do dia você apresenta o resultado de quem vale 5?
Pense nisso!

Johnny Dias
Consultor & Palestrante e Gestor da Qualidade

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