terça-feira, 3 de abril de 2012

Autonomia






A palavra autonomia vem do grego, pois autos significa eu mesmo, si mesmo, e nomos significa norma, lei, regra. Isso quer dizer que autônomo é alguém que tem a capacidade de dar para si mesmo suas regras, as normas que vai seguir.


Ora, então só é autônomo quem inventa regras? Não. O que queremos dizer é que autônomo é aquele que conhece as regras, que pode pensar sobre elas a ponto de deliberar para si mesmo que irá segui-las, pois reconhece-lhes a importância. Por exemplo, a regra de escovar os dentes depois de cada refeição, para uma criança de cinco anos, provavelmente é uma chatice da qual seus tutores têm que ficar lembrando-a e obrigando a obedecer. Mas para um adulto, em geral, não é necessário que alguém fique lembrando-o de cumprir tal regra, pois ele já tomou consciência de sua necessidade, já a assumiu como sua e, portanto, cumpre-a de forma quase automática, transformando-a em parte do estado normal das coisas para si. A criança que precisa de um tutor para que cumpra as tarefas mais simples de seu cotidiano é chamada de heterônomo. Em grego hetero significa outro, portanto heterônomo designa os que necessitam de outro para dizer-lhes as regras.

O processo pelo qual o homem passa, desde o seu nascimento até atingir a maturidade, é um processo que o leva da anomia (a, como prefixo, indica negação) para a heteronomia, e só depois para a autonomia. Um bebezinho nos seus primeiros meses de vida não tem condições intelectuais de compreender as regras da sociedade em que vive, muito menos a sua necessidade. É como se para ele elas não existissem. Quando for uma criança, dali há muitos anos, já terá condições de compreender a existência das regras, mas não conseguirá refletir sobre elas, nem analisa-las, julga-las e, ao mesmo tempo, agir de forma coerente com seus próprios pensamentos.

A autonomia é a qualidade que permite ao homem ser livre. O homem autônomo tem condições intelectuais e emocionais de perceber e pensar sobre a realidade que o cerca e sobre si mesmo. Assim, pode traçar um plano para sua vida, escolher os meios para alcançar seus objetivos e responder racionalmente por essas escolhas. Tem consciência da moral vigente em seu grupo social e adequa-se deliberadamente a ele, da forma que elegeu para si. Também deve estar aberto para rever-se, sempre que esbarrar na necessidade de modificar seu ponto de vista.

Fonte: Texto extraído da Revista Vencer

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