terça-feira, 24 de abril de 2012

Um ser normal



Maluco Beleza
(Raul Seixas e Cláudio Roberto)

Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal
e fazer tudo igual
Eu do meu lado, aprendendo a ser louco
Um maluco total, na loucura real
Controlando a minha maluquez misturada com minha lucidez
Vou ficar, ficar com certeza maluco beleza
E esse caminho que eu mesmo escolhi
É tão fácil seguir, por não ter onde ir
Controlando a minha maluquez misturada com minha lucidez
Eu...
Controlando a minha maluquez misturada com minha lucidez
Vou ficar, ficar com certeza maluco beleza
Eu vou ficar... ficar com certeza maluco beleza
Eu vou ... ficar com certeza maluco beleza
Eu vou ficar... ficar com toda certeza maluco beleza


Fico inebriada quando ouço essa música! A sensação é única

A mensagem contida nessa letra musical é profunda e de uma lucidez tremenda. Um paradoxo aos que generalizam, aos que rotulam. 

São palavras que falam de libertação. Libertação de padrões de comportamentos herdados, de crenças limitantes que não lhe pertencem ou que foram criadas em um período da vida em que eram necessárias por algum motivo e hoje são destrutivas ao seu crescimento, quer seja profissional, pessoal, espiritual.

As pessoas com o tempo “perdem” sua identidade. Não sabem mais identificar o que é seu do que lhes foi imposto a ser. Não sabem mais diferenciar o que lhes é verdadeiro, pertencente à essência, ao que se tornaram influenciados por modelos de como deveriam ser. 

A influência existe e pode ter várias intenções, positivas e negativas. Não falo aqui de aprimoramento, nem de desenvolvimento, pois são movimentos que vem de dentro para fora e indispensáveis à vida. Falo do que vem de fora para dentro.

Não creio que sejam necessários exemplos, mas como não sei quem serão meus leitores, os darei, uma mínima amostra diante da diversidade de exemplos. Como as atitudes são sistêmicas, um exemplo pode servir como causa e consequencia.

·       Autoestima baixa ou inflada; a primeira é decorrente de um alto senso crítico ou de dar muita importância ao que os outros pensam de você. A segunda é uma forma de proteção, de armadura para que as pessoas não se aproximem e não percebam o quão inseguro é.

·    A síndrome das mulheres “barbies”, que vivem para o corpo, se submetendo a cirurgias e regimes audaciosos, necessitam ser vistas, desejadas, pois acreditam que não possuem mais nada a oferecer;

·    O maxismo. Completamente fora de contexto na era em que vivemos, caracteriza a estupidez, a covardia e a falta de confiança em si mesmo;

·        A bulimia e a anorexia, caracteriza o medo da rejeição, da discriminação, da falta de equilíbrio emocional;
  
Workaholic, preenchem o vazio da vida com excesso de trabalho e a sensação de serem úteis em algum contexto;
·    
    Medo do sucesso: boicotar o próprio sucesso com medo do que poderá acontecer quando atingí-lo. Ex. regime, novo cargo de maior responsabilidade, abrir filial, ter filhos, ficar rico,...

Vamos refletir um pouco com relação ao Medo do Sucesso e as situações citadas.

Regime: a pessoa teme o que poderá ocorrer, quando tiver um corpo delineado, desejado. Teme o ciúme do cônjuge. Teme ser assediado, molestado. Teme trair. São muitas as justificativas e que nem sempre são conscientes, mais existem, estão vivas. Esse temor vem da experiência de vida, da criação, do que é herdado,...

Novo cargo/desafio: teme provar para si mesmo que é competente, que não é aquela pessoa medíocre e incapacitada que escutou durante toda a sua jornada, quer seja dentro da família, na escola, no trabalho. Teme contrariar aqueles que nunca acreditaram em você, pois o que eles diziam ficou familiar e o que lhe é familiar não sugere mudanças. Por que agora escutar o contrário? Quando alguém me convida para um desafio, está dizendo: Você é capaz, eu acredito em você! Seu inconsciente recebe: “ele quer que eu mude, socorro!”

Abrir filial: teme expandir, porque acredita que terá que se desdobrar, pois na sua visão não lhe ocorre “passar o bastão”, em outras palavras, delegar, confiar. O medo pode ser de confiar no outro.

Ter filhos: teme repetir as atitudes de seus “criadores”. Acreditam não poderem oferecer o que não tiveram. Também tem os que temem passar pelo que seus pais passaram.

Ficar rico: teme não ser digno. Isso acontece por vários fatores motivadores, os três mais comuns são: *porque herdaram e não fizeram por merecer, então torram o dinheiro sem valorizá-lo. *porque se encontraram na profissão, ou seja a profissão é a sua vocação, então trabalham sem “penalidade”, ao contrário, com amor, e fazem seu trabalho com tanta facilidade e desenvoltura e não encontram razão para cobrar o que seria justo. Não sabem cobrar, por não vêem dificuldade em executar. *outro fator motivador, *é temer quem surgirá de dentro dele quando o dinheiro lhe trouxer “poder”. Surgirá um carrasco? Uma pessoa que não resistirá às tentações que o dinheiro traz? E por aí vai...

O cérebro é incrivelmente criativo e de acordo com a forma que as pessoas processam suas experiências, essa criatividade pode ser facilitadora ou limitante em sua vida, em suas escolhas.

O que o “Maluco Beleza” quer nos dizer, é, liberte-se do que não lhe pertence e do que lhe faz mal! Siga você mesmo! Busque sua essência! Resgate sua identidade!
Seja livre! Conquiste autonomia! Faça a sua “marca”, as suas pegadas, mesmo que ninguém as siga. Lute por você! Valorize-se!


Joséphine Berloquin

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